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Módulo
5: Pontos de Troca de Trafego(PTTs)
Conceitos
Gerais : Arquiteturas de PTTs
Existem basicamente dois tipos de Pontos de Troca de Tráfego. Cada
um deles apresenta pontos positivos e negativos, privilegiando de forma
mais ou menos satisfatória aspectos como gerência, centralização
de anúncio de rotas, segurança e o nível de intervenção
da equipe de administração de um PTT. Independente do tipo
de PTT, o que é comum é que os participantes devem ser sistemas
autônomos e devem ter um roteador que possa suportar o protocolo
BGP. Os roteadores de cada participante são interligados por um
Switch com portas de alta velocidade Ethernet ou Gigabit Ethernet, que
forma uma rede local onde cada participantes recebe um IP para endereçar
sua interface com o PTT. Na maioria dos casos é utilizado endereçamento
válido, geralmente um bloco classe C (/24).
O primeiro que será apresentado possui uma estrutura que é
apresentada na Figura 2.
Figura 2 - Exemplo de PTT baseado em acordos bilaterais. |
Neste
tipo de PTT todos os participantes devem simplesmente estar na rede do
PTT. Os acordos de troca de tráfego neste tipo de PTT são
chamados bilaterais, ou seja, se determinado participante desejar trocar
tráfego com um conjunto de ASs, este deverá estabelecer
uma conexão BGP com cada um destes participantes diretamente. Neste
caso, na entrada de um novo participante no PTT, se este desejar trocar
tráfego com N participantes, N novas sessões BGP serão
estabelecidas adicionalmente no PTT. Nesses casos não é
necessária intervenção da equipe de suporte do PTT
para estabelecer os acordos de peering, já que basta o contato
entre os sistemas autônomos envolvidos no acordo. No protocolo BGP,
podemos representar este tipo de PTT através da Figura 3, que representa
alguns acordos bilaterais, tendo estabelecidas sessões BGP em linhas
“hachuradas”. Esta figura demonstra a existência de
acordos de troca de tráfego entre os ASs 1-5, 4-3 e 3-6;
Figura 3 - Exemplo de acordos bilaterais em PTT. |
Outra
arquitetura de PTT muito comum é baseada em Route Servers, sendo
ilustrada na Figura 3.
Figura 4 - Ilustração de PTT baseado em acordos multilaterais. |
Neste
caso, além dos roteadores de cada participante, são utilizados
dois PCs ou estações de trabalho com software que implementam
o protocolo BGP e suas operações. Sendo assim, os dois computadores
trabalham como centralizadores das rotas anunciadas pelos participantes
do PTT. Todos os participantes não mais estabelecem sessões
entre eles, mas estabelecem sessões BGP com os dois Route Servers.
Neste caso são estabelecidos acordos de tráfego multilaterais
(ATMs).
Na entrada de um novo participante no PTT, supondo que este tenha interesse
em trocar tráfego com todos os demais participantes do PTT, serão
necessárias apenas duas novas sessões BGP entre o novo participante
e cada Route Server. A partir daí, sabendo que o Route Server trabalha
como centralizador/distribuidor de rotas a todos participantes, o estabelecimento
de duas sessões (uma para cada Route Server) já garante
o recebimento dos anúncios dos demais participantes, evitando estabelecer
sessões com cada um participante.
Dessa forma, a equipe de suporte do PTT deve ser acionada para estabelecer
as novas sessões com os Route Servers, mas em compensação
os demais participantes nada terão que fazer para iniciar a troca
de tráfego com esse novo peer. Um ponto importante é que
sendo o Route Server centralizador dos anúncios, este torna-se
um ponto único de falha, podendo comprometer todo o PTT, caso apresente
alguma falha. Neste caso adota-se a política de utilizar dois Route
Servers, garantindo que na falha de um deles o outro possa manter o serviço
sem interrupções. Também é aconselhável
que sejam utilizados softwares diferentes em cada Route Server, evitando
que um possível falha provoque a interrupção do serviço.
Os softwares utilizados para os Route Servers são diversos. Entre
eles, citamos o Gated e Zebra. Estes dois softwares implementam, além
do protocolo BGP, diversos protocolos de roteamento tais como RIP, OSPF,
RIPv6, OSPFv6, entre outros. O software Gated é comercial, tendo
disponível de forma livre apenas algumas versões mais antigas
e o software Zebra é livre, podendo ser utilizado livremente sem
o pagamento de licenças. Ambos são implementados para sistemas
UNIX.
O funcionamento de um PTT baseado em Route Server (acordos de tráfego
multilaterais) é um pouco mais complexo que o primeiro modelo apresentado
(acordos de tráfego bilaterais) , pois existem alguns detalhes
importantes no seu funcionamento. No caso de PTTs baseados em acordos
de tráfego bilaterais, a troca de anúncios é feita
diretamente entre as partes envolvidas. Isso significa que a sessão
BGP é estabelecida diretamente entre as interfaces que cada participante
tem no PTT, no caso a interface da rede local de cada um. Dessa forma
os anúncios chegam ao destino com os mesmos valores que o AS que
originou tais anúncios criou, sem nenhuma alteração
no caminho. No caso de PTTs baseados em Route Server, cada participante
estabelece sessões com os Route Servers, que por sua vez divulgam
as rotas para os demais participantes. Vale lembrar aqui que os dois Route
Servers estão logicamente em um AS diferente dos demais participantes.
Este número geralmente é na faixa de número de AS
privados, formando um “AS imaginário”, que serve apenas
para permitir que os Route Servers possam estabelecer sessões eBGP
com os participantes. Nesse ponto surge um detalhe muito importante, onde
a Figura 5 nos ajuda a demonstrar:
Figura 5 - Exemplo de PTT baseado em Route Server. |
O
detalha importante a ser citado refere-se ao comportamento normal do protocolo
BGP que é receber anúncios de rotas - neste caso de outros
ASs - aplicar o algoritmo de escolha do melhor caminho e por fim divulgar
a seus peers. Na divulgação o atributo NEXT_HOP é
alterado para a interface de quem está anunciando e no atributo
AS_PATH é incluído o AS de quem está anunciando.
Sendo assim, como todos os anúncios passam obrigatoriamente pelos
Route Servers (AS 65000), todos os anúncios chegariam aos demais
participantes do PTT com o atributo NEXT_HOP definido para a interface
do Route Server e o AS_PATH incluído do AS dos Route Servers (AS
65000).
Dessa forma, se determinado AS enviar um pacote para uma rede anunciada
por um outro participante, o pacote passará pelo Route Server,
que foi quem anunciou a rota incluindo a sua interface como NEXT_HOP e
em seguida será repassado do roteador do participante destino.
Fazendo uma análise sobre isso, pode-se concluir que esta abordagem
funciona, mas poderia ser melhorada, fazendo com que os pacotes do tráfego
do PTT propriamente ditos não passassem por um dos Route Servers.
Essa observação se torna uma necessidade, visto que a interface
dos Route Servers será o “gargalo” do tráfego
geral do PTT. Como em PTTs é normal alcançar altas taxas
de tráfego (600 Mbps no PTT da ANSP por exemplo), torna-se quase
impossível suportar esse tráfego por limitações
de hardware dos route servers. Para contornar este problema, na configuração
dos Route Servers é feita uma alteração da forma
que nos anúncios recebidos não sejam alterados os atributos
de NEXT HOP ou AS_PATH. Esse ajuste que parece simples faz com que o tráfego
passa diretamente de um roteador para outro, passando apenas pelo switch.
Assim, o tráfego que segue para os Route Servers será apenas
do protocolo BGP. Pode-se também visualizar a figura anterior para
demonstrar o fluxo obtido. Maiores detalhes sobre tal prática serão
abordados nas seções adiante.
Um outro componente muito utilizado em PTTs deste tipo é o chamado
looking glass, apresentado na Figura 6.
Figura 6 - PTT baseado em Route Servers, utilizando Looking Glass.
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O
componente looking glass trata-se de um roteador ou um PC que possui suporte
a BGP que fica conectado aos Route Servers, sob um AS também privado
diferente destes, por exemplo 65001. O número de AS poderia ser
qualquer um da faixa privada, desde que seja diferente do AS formado pelos
Route Servers. A utilidade de tal recurso é que este, uma vez conectado
aos Route Servers, recebe todos os anúncios dos participantes do
PTT e pode usado para consulta das rotas anunciadas no PTT e a preferência
que cada uma destas tem sob as demais anunciadas. Isso acaba sendo útil
aos participantes do PTT para verificar se seus anúncios estão
sendo feitos corretamente e se o efeito está de acordo com o esperado,
sem contar que a mesma informação pode ser consultada por
pessoas de outros sistemas autônomos para verificar a visibilidade
de determinado anúncio ou ainda, para verificar quais os anúncios
existentes no PTT e usar tais informações como motivação
para participação no PTT.
Por fim, mais um recurso utilizado em PTTs é a aplicação
de um RA, conhecido como Router Arbiter. Esta ferramenta serve para certificar
as rotas que cada sistema autônomo pode exportar e importar de um
peer. Isso é feito mediante o registro de cada AS em uma base de
dados, declarando quais prefixos pode aceitar e quais pode enviar. Dessa
forma os Route Servers podem ser configurados para que somente sejam repassados
prefixos a outros peers em um PTT caso as características dos prefixos
estejam de acordo com a base de dados no RA. No exterior essa funcionalidade
é muito utilizada, tornando os PTTs baseados em Route Servers mais
restritivos em seus anúncios. No Brasil tal prática ainda
não vem sendo utilizada até 2003.
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